Eu vou contar uma história
Uma história nada bonita
Que se passou num país
País de gente bonita
Leitor me dê atenção
Pois essa prosa é antiga.
Há muito tempo diziam
Que aqui se não tinha nada
Muito falavam, não faziam
E nóis comendo migalha
Cadê o dinheiro do povo?
Se mostram? Não vejo nada.
Aqui sempre foi assim
Não sei se sempre será…
Dizem que mato é capim
Quem sou eu pra duvidar?
Enquanto uns dão as cartas
A nois só resta jogar.
Mas essa história, meu povo
Parece sem pé nem cabeça
Não tem ouvido, nem olho
E que dirá uma coerência
Agora eu digo uma coisa:
Viver assim é sofrência.
Perguntam: que país é esse?
Onde que eu vim para?
Eu escolhi essa vida?
Escolhi esse lugar?
E se escolheram por mim?
Como que vou questionar?
O povo já ta cansado
De ouvir e só se calar
Vamos nos dá outro rumo
Na hora que fomos votar
Bote seu voto na urna
E a cabeça no lugar.
Aqui eu leio cordel
Amanhã eu leio promessa
Vai tudo já pelo o ralo
Só volta se for com reza
É blá blá blá para um lado
Um ti ti ti da miséria.
Educação eu não vi
Saúde o gato comeu
Cultura não conheci
Lazer de mim esqueceu
E vão passando os anos
E eu aqui só com eu.
Já esqueceram de mim
Uma, três, dez, vinte vezes
Mas sempre voltam aqui
Com o sorriso nos dentes
Nas eleições somos amigos
Cimento, dinheiro e sementes.
Agora eu digo uma coisa
Sempre é hora de mudar
Se nois apertar o nó
Ele não vai desatar
É um caminho bem longo
Mas fácil de nele andar
Eu escolhi escolher
A escolha que é a mais certa
Escolhi mais não sofrer
Escolhi sair da miséria
Agora eu quero ver
Aqui será minha terra.
Não basta fazer muita coisa
Só nosso papel bem fazer
Ficar atento as escolhas
Na hora de escolher
Outubro já tá chegando
A hora do vamos ver.
Canse você das promessas
Das coisas ditas por ditas
Canse você desse ternos
Só não canse da politica
Não canse de sua luta
De pé e cabeça erguida.
E é promessa de um lado
Promessas vai para o outro
Já prometeram de tudo
Porto, escolas e esgotos
Dessas promessa eu vi
Apenas uns três tijolos.
Muitos não tão nem aí
Palpites nem querem dá
Falam que é assim mesmo
Um dia vai melhorar
Mas fé sem ação é morta
Defunto não pode falar.
Se enquanto uns tão calados
Outros poucos falam por eles
Decidem o seu futuro
Se dormem em cama ou rede
E de tamanho é o sono
Não sonham. O sonho: acorda, ó gente.
Ó meu amigo, conselhos
Esse eu posso dá
Não posso ele vender
Nem muito menos alugar
Isso é cordel ou política
Você que vai me falar
Pra não ficar muito extensa
A prosa vou terminar
Foi bom conversar contigo
Espero a ti ajudar
Não se engane com pouco
Com pouco tu ficarás
Aqui eu mudo de ideia
E falo mais um pouquinho
Pois as palavras são soltas
Quem nem muitos passarinhos
Mais tempo eu vou ficar
Cordel tá sendo meu ninho.
Agora eu vou parar
Mas ainda tô preocupado
Se o amigo entendeu
Todo esse palavriado
Não sei se tenho certeza
Mas acho que dei o recado.
Zilmar Junior