No verão, eu tava em casa
Dos tempos que não chovia
A gente não se molhava
Sol brilhava todo dia
Era tudo diferente
Do jeito que nós queria
Mas chegou o mês de março
Com sua chuva infernal
Que nos perdoe, ó Deus
Mas seu povo passa mal
Vê se manda menos água
Nessa terra litoral
Só quem sabe, paga o preço
De perder tudo sem calma
Perde móvel, perde tempo
Perde até o que nos falta
Só não perdemos a fé
Que já veio em nossa alma
Lá em casa alagou
E ficou daquele jeito
Com idoso, com criança
Com aperto em nosso peito
Era água em todo lado
O estrago estava feito
Saímos de nossas casas
Pruma quadra, improvisada
Não olhamos para trás
Sem tudo porém com nada.
Essa é a nossa sina:
Parnaíba alagada.
Dá vontade de chorar
De não ler mais nossa lida
Mas tudo tem recomeço
Do início à partida
Nossa sorte vai mudar
Nem que leve outra vida
Nosso povo é brasileiro
Tem amor no coração
É uma gente solidária
Quando quer faz união
E pedimos com carinho
Sua colaboração
Você pode se doar
Com palavra ou alimento
Higiene pessoal
Ou qualquer outro provento
Sei que sua alma é boa
Seu mais raro mantimento
E agora estamos aqui
Espero a chuva passar
Que o dia possa rir
Mode casa nós voltar
Que nos mude essa sorte
Sim, Deus vai nos ajudar.
Zilmar Teixeira (Formado em Letras Português)